A União Europeia tem dado ao longo das últimas décadas um contributo decisivo para tornar a igualdade de género uma realidade em todo o espaço europeu, objetivo para o qual Portugal tem sido um promotor ativo, sendo de recordar a prioridade concedida às matérias de não discriminação e igualdade no decurso da recente Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

O duro momento que o mundo atravessa implica que, no Dia da Mulher, recordemos que a situação das mulheres continua, também no espaço europeu, a carecer de especial atenção.  Invoquemos, desde logo, as mulheres - cujos rostos vemos diariamente nos meios de comunicação - que sofrem diretamente o impacto da guerra, muitas convertidas bruscamente em migrantes. A solidariedade e a generosidade que têm vindo a marcar a reação europeia perante as consequências da invasão da Ucrânia são essenciais para dar esperança a estas mulheres e às suas famílias.   

Por outro lado, quando a COVID-19 ainda afeta profundamente o nosso modo de vida, não se deve perder de vista o impacto que a pandemia teve e continua a ter para as mulheres.

As Nações Unidas e diversos estudos são unânimes na conclusão de que o impacto da pandemia foi especialmente negativo para as mulheres e para as raparigas, apenas em virtude do seu género. A pandemia agravou desigualdades sociais, políticas e económicas, tendo-se registado um efeito regressivo no processo de promoção da igualdade de género. 

Se nas últimas décadas se registam progressos no reconhecimento do papel da mulher, estes dados deixam clara a necessidade de trabalhar, ainda mais, para que a situação pré-pandemia possa ser rapidamente retomada.

A celebração do Dia Internacional da Mulher em 2022 tem uma especial importância, também para a Direção-Geral dos Assuntos Europeus que mais uma vez se associa ao Centro Jacques Delors para evocar esta data. 

A Direção-Geral dos Assuntos Europeus tem sido pioneira na sua taxa de feminização, das mais altas da administração pública portuguesa, incluindo na assunção de cargos de chefia, embora nunca, nos seus mais de 35 anos de existência, tivesse sido liderada por uma mulher. Cabe-me, desde o final de 2021, a honra de dirigir esta Casa, cuja qualidade é unanimemente reconhecida, quebrando mais uma barreira na participação de mulheres nos cargos de chefia do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Se a minha nomeação constituiu ainda notícia pela sua novidade, o importante será que no futuro a nomeação de mulheres como Diretoras-Gerais dos Assuntos Europeus deixe de ter caráter de singularidade.

Helena Malcata
Diretora-Geral dos Assuntos Europeus