Presidência Portuguesa 2000
A 2.ª Presidência Portuguesa do Conselho da UE ficou marcada pela adoção da Estratégia de Lisboa, pela 1.ª Cimeira África-Europa e pela abertura da Conferência Intergovernamental

A segunda Presidência portuguesa do Conselho decorreu entre 1 de janeiro e 30 de junho de 2000. Portugal procurou envolver-se em temas potenciadores do progresso da integração europeia, posicionando-se assim no centro deste processo.
A introdução ao Programa de trabalho sublinha que competirá à Presidência portuguesa: «gerir este exigente quadro de responsabilidades e de expectativas, num contexto institucional com características conjunturais particulares, marcado por um novo Tratado da União Europeia, por um Parlamento Europeu recentemente eleito e reforçado nos seus poderes, bem como por uma nova e reestruturada Comissão Europeia, a que se associam agora componentes inovadoras em matéria de representação externa e de segurança e da defesa.»
Prioridades
Portugal salientou, no Programa de trabalho, a atenção prioritária que daria a seis dimensões específicas:
- Alargamento
- Reforma das instituições
- Emprego, reforma económica e coesão social
- Política externa e de segurança comum
- Espaço de liberdade, segurança e justiça
- Saúde pública e segurança alimentar
Conclusões
Nas Conclusões da Presidência do Conselho Europeu Extraordinário de Lisboa, de 23-24 de março de 2000, foram abordados os seguintes tópicos:
I - Emprego, Reforma Económica e Coesão Social
II - Política Europeia Comum de Segurança e Defesa
III- Balcãs ocidentais
IV - Rússia
V - Conferência Intergovernamental
VI - Regiões Ultraperiféricas
As Conclusões da Presidência do Conselho Europeu de Santa Maria da Feira, de 19-20 de junho de 2000, abordaram os seguintes tópicos:
I. Preparar o futuro
- Conferência Intergovernamental sobre a reforma institucional
- Carta dos Direitos Fundamentais
- Política Europeia Comum de Segurança e Defesa
- Alargamento
II. Emprego, reformas económicas e coesão social - seguimento do Conselho Europeu de Lisboa
- Preparar a transição para uma economia competitiva, dinâmica e baseada no conhecimento
- Modernizar o modelo social europeu, investindo nas pessoas e criando um Estado-Providência ativo
- Aperfeiçoamento dos métodos de trabalho
- Conselho Europeu da Primavera
III. Questões económicas, financeiras e monetárias
- Orientações gerais das políticas económicas
- Pacote fiscal
- Entrada da Grécia para o euro
IV. A Europa e o cidadão
- Saúde pública e segurança alimentar
- Ambiente e desenvolvimento sustentável
- Segurança marítima
- Desporto
- Liberdade, segurança e justiça
- Regiões ultraperiféricas
- Estatuto dos deputados do Parlamento Europeu
V. Relações externas
- Rússia
- Estratégia comum para o Mediterrâneo
- Processo de paz do Médio Oriente
- Balcãs Ocidentais
- Dimensão Setentrional
- África
Os grandes momentos
- Conselho Europeu de Lisboa
O Conselho Europeu de Lisboa, dedicado ao tema «Emprego, Reformas Económicas e Coesão Social - para uma Europa da inovação e do conhecimento», procurou dar um impulso ao mais alto nível no sentido de redefinir a estratégia europeia para garantir uma conjugação das políticas de crescimento, de competitividade e de emprego, à luz dos desafios abertos pela globalização, das mudanças tecnológicas e dos novos riscos de exclusão social. É, assim, adotada a Estratégia de Lisboa onde a UE estabelece «um novo objectivo estratégico para a década seguinte: tornar-se no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social».
- Primeira Cimeira UE-África
Portugal assumiu-se igualmente como promotor da cultura africana na UE e do diálogo entre esta e África, através do convite à redescoberta do continente africano, tendo contribuído de forma decisiva para a realização da 1.ª Cimeira África-Europa que decorreu sob a égide da Organização da Unidade Africana (OUA) e da UE no Cairo, de 3 a 4 de abril de 2000. O Plano de Ação adotado centrou-se em oito tópicos de interesse comum: prevenção de conflitos, direitos humanos e governação, dívida, restituição do património cultural, integração económica regional, ambiente e desertificação, segurança alimentar e SIDA e outras epidemias.
- Conferência Intergovernamental
Os Ministros dos Negócios Estrangeiros dos, então, quinze Estados-Membros reuniram em Bruxelas, a 14 de fevereiro, com o intuito de preparar a reforma das instituições da UE. Foi o arranque para uma nova Conferência Intergovernamental com o objetivo de enfrentar com sucesso o alargamento aos países da Europa Central e Oriental e que viria a culminar no Tratado de Nice, adoptado em Nice, em dezembro de 2000, assinado em 26 de fevereiro de 2001 e em vigor a partir de 1 de fevereiro de 2003.
- Acordo de Parceria ACP-CE
Assinatura do Acordo de Parceria entre os estados de África, das Caraíbas e do Pacífico e a Comunidade Europeia e os seus Estados-Membros, em Cotonu, a 23 de junho, visando a promoção e aceleração do desenvolvimento económico, social e cultural dos países de África, Caraíbas e Pacífico (ACP).
- Presidência portuguesa da UEO
A Presidência Portuguesa da União da Europa Ocidental (UEO) decorreu no 1.º semestre de 2000 com os objetivos essenciais de contribuir para a futura integração das funções da UEO na União Europeia, reforçar a sua capacidade operacional e compatibilizar este processo com o da reforma em curso na OTAN, afirmando o pilar europeu da Aliança sem afectar os laços transatlânticos.
Balanço
Jaime Gama, Ministro dos Negócios Estrangeiros entre 1995 e 2002, referia num artigo editado na revista Europa: Novas Fronteiras dedicada à Presidência de 2000, que:
«...fica a imagem de uma gestão rigorosa e responsável, de uma disponibilidade total e de um espírito de iniciativa e inovação – de que o Conselho Europeu de Lisboa, a Cimeira Euro-Africana e a aprovação do pacote fiscal no Conselho Europeu da Feira são exemplos naturais. Este primeiro semestre de 2000 ficará igualmente, para a União Europeia, como o momento em que o debate sobre o futuro da Europa e do seu modelo político, institucional e social foi verdadeiramente relançado. De uma CIG meramente dedicada à resolução de questões deixadas em aberto em Amesterdão ajudámos a criar as condições para uma estimulante discussão que tem vindo a produzir um expressivo número de propostas e de ideias. Numa Europa que foi edificada com pragmatismo, mas também com visão, tal contributo é, sem dúvida, útil.»
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